12 setembro 2007

Utopia versus realidade

Ontem vim trabalhar sem carro. Aproveitei a deixa para experimentar voltar para casa usando os transportes públicos, algo que não fazia desde que me mudei para um novo apertamento, há seis meses. "Afinal", pensei, "o Dia Sem Carro está chegando e, como vou trabalhar naquele dia, preciso saber como ir e voltar." No fundo, aspirava o momento de deixar o veículo emissor de poluentes em casa.


A empresa onde trabalho fornece transporte com um ônibus fretado até a estação de metrô mais próxima. Peguei o dito, que partiu às 20h20. Dez minutos depois, desembarquei na Barra Funda.

Primeiro obstáculo: moro em Pinheiros. Quem conhece São Paulo sabe que os dois bairros são bem próximos e que ambos apresentam estações de metrô, mas que não se falam diretamente. Dali a melhor opção seria o ônibus, mas realmente não queria pegar mais um monstrengo engolidor de diesel. Com tempo livre, resolvi ir mesmo por baixo da terra, a despeito da voltona que teria de enfrentar.

Segundo obstáculo: entre sair do ônibus fretado, comprar a passagem de metrô e entrar no vagão foram-se 10 minutos. Demorei mais 40 para chegar ao meu destino, a estação Sumaré, após duas baldeações e três trens diferentes. E 10 minutos de caminhada me separavam do meu lar, doce lar.

Gastar 1 hora para fazer um trecho pequeno é um tempão, sem dúvida, mas estava satisfeita por não ter entrado num ônibus (que, com espera e trânsito, poderia ter levado o mesmo tempo do metrô) e ter desembolsado apenas R$ 2,30. Até fiz contas mentais do gasto mensal caso deixasse o carro em casa definitivamente e lembrei dos livros que poderia ler no caminho.

Mas o terceiro obstáculo me fez lembrar por que, afinal de contas, sou motorizada.

Quase fui assaltada. Dois moleques, que espreitam na saída da estação, brincaram de gato-e-rato comigo, até que eu peguei um táxi. Três quadras, 2 minutos, R$ 6 e muita humilhação, tristeza, medo e revolta depois, cheguei em casa.

.....

Hoje vim de carro. Amanhã virei de carro.

Lamento.

Ainda não dá para deixar esse vício.

Um comentário:

Anônimo disse...

O futuro que estamos construindo

http://blogchicao. tripod.com/

Reflita sobre onde está sendo colocado o dinheiro de sua cidade:
Mais pontes e avenidas, mais congestionamento.
Mais metrô e ciclovias, menos poluição.


No Brasil é assim:

A classe alta elege os seus deputados e senadores e eles fazem as leis.
As leis seguem as prioridades desta classe. É por isto que o jatinho particular paga menos imposto que o ônibus.
É por isto que se discute o fim da CPMF e não o fim dos impostos que incidem sobre o transporte público.
Façamos um cálculo: alguém que ganha 4.000,00 reais/mês paga 180,00 reais/ano de CPMF. Se fossem tirados os impostos do transporte público ele poderia economizar (só com o pagamento do transporte da empregada doméstica) mais de 700 reais ano. A economia é muito maior se o filho da classe média também andar de ônibus.
Os mais humildes teriam um transporte mais barato e os pequenos e médios empresários também seriam beneficiados.
Haveria maior demanda por melhora dos transporte público, portanto mais investimento.
Com o fim da CPMF o "grosso da grana" vai para o bolso dos milionários e das empresas grandes.
Quem perde é a classe média e os mais pobres.
Quem perde é a ecologia, pois as soluções normalmente seguem os interesses econômicos de uma minoria.
A classe média tem que descobrir que seus interesses são, quase sempre, idênticos aos dos mais pobres. Basta de seguir a ideologia da classe alta, que só gera prejuízos para a classe média, para a ecologia e para o povão.

Favor divulgar para seus amigos.