Tento aliviar, dia a dia, minha pegada ecológica, ou seja, o impacto da minha existência na natureza. Por exemplo: comprei um carro flex fuel, com o motor mais eficiente que achei na minha faixa de gasto. Só uso etanol, mesmo quando compensa financeiramente abastecer com gasolina. E, quando posso, deixo o carro parado. (O ideal seria não comprar carro nenhum e só andar de bicicleta ou a pé. É, pois é. Ainda não dá.)
Agora estou tentando reduzir a quantidade de plástico na minha vida. Quero começar com as sacolinhas. Fui à feira com minha própria sacola. Nas lojas, dispenso a bendita sempre que é possível colocar a compra na bolsa ou levar na mão.
Foi quando descobri que a resistência maior está nos olhos de quem vê.
Cena: noite, frio, no supermercado. Compradora aparece com uma garrafa de vinho numa mão e um saco de areia para gatos na outra. Ela troca boas-noites com a caixa e paga com o cartão bancário. Está guardando a carteira quando percebe que a caixa está colocando suas compras em sacolas. Duas para cada produto.
A compradora fala:
- Hã, moça, 'brigada, mas dispenso a sacolinha.
A caixa continua em seu movimento automático.
A compradora fala mais alto e firme:
- Moça, eu não quero a sacolinha.
A caixa levanta o rosto, sorri e diz:
- Eu não escutei. Desculpe, senhora, o quê?
- Eu não quero a sacola de plástico.
- Mas ela vai junto.
- Eu não quero. Polui demais e não preciso.
- Mas como a senhora vai...?
- Na mão.
- Mas, senhora... Como, senhora?... Digo...
A caixa continua segurando as compras, desconcertada. A compradora dá um grande suspiro, puxa as sacolinhas das mãos estáticas da outra, tira o vinho e o saco de areia e vai embora, equilibrando os dois nos braços. Os olhos da caixa a acompanham até o horizonte.
E, veja, eu nem pedi meu dinheiro de volta por pagar pelas sacolinhas sem as usar...
27 agosto 2007
Os olhos dos outros
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